iamamiwhoami
Sou a Beatriz. Tenho 18 anos, mas em 29/06 faço 19 - sou canceriana. Falar de si nunca é fácil; assumimos inúmeros papéis na vida, e ao falar de nós mesmos, falamos de uma versão como se essa fosse única, esquecendo que somos uma imensidão de coisas, crescendo, se desenvolvendo e evoluindo, além dos inúmeros papéis que fazemos: sou filha da minha mãe e filha do meu pai - tem diferença! Sou neta, sobrinha, amiga, colega, companheira... Sou a Bia quando estou sozinha comigo mesma.
Nasci em São Paulo, capital, na zona leste, em 2000, na casa dos avós e dos meus pais, casa essa que nasceu junto comigo. Cresci nessa casa e fui filha e neta única por 9 anos, até que em 2009 a casa renasceu: minha irmã veio ao mundo e a casa cresceu mesmo, em quantidade de pessoas e em quantidade de cômodos.
Na escola, sempre fui a primeira da sala de aula e a última a ser escolhida nos times de educação física. Sempre gostei de estudar, mas nunca fui de muitas amizades. Sofri bullying e me odiei por um bom tempo.
Cresci, e quando cresci, conheci novas coisas: namorei aos 13 anos, e de novo aos 14 anos; arrastei minha mãe para o Rock in Rio e para uma viagem à Itália como presente de 15 anos; fiz amizades virtuais e conheci a maioria desses amigos; colei em todas as provas do ensino médio, porque só queria saber das aulas de sociologia e de promover festas no terceirão.
Nesse meio tempo, sofri. Meus pais se separaram, meu avô - a pessoa a qual puxei intelectualmente na família - faleceu, saí da casa que cresceu comigo. Tudo de um jeito muito traumático.
Depois disso, minha vida mudou. Precisava trabalhar, precisava de mais atenção para a minha família, para a minha irmã. Precisava crescer, mudar, amadurecer. E doeu. 2017 doeu demais, mas passou.
Comecei a trabalhar em 2018. Fui jovem aprendiz durante 1 ano no banco Itaú depois de terminar o ensino médio - esse ano, fui efetivada. E a faculdade?
Prestei letras, na UNIFESP, de 2017 pra 2018. Não passei e não queria letras também, queria jornalismo. Quase fui para uma privada, mas não queria, queria pública.
Passei 2018 metade me lamentando por não estar na faculdade - porque todas as minhas amigas estavam - e a outra metade ansiosa, crente que nunca seria capaz de realizar o meu sonho de estudar em uma universidade pública. Nos momentos que acreditava que teria alguma chance, estudei: eu realmente estudei quando acreditei.
Passava 10h no cursinho todos os sábados, e mais algumas horas na semana estudando. Paguei o cursinho com o meu dinheiro e me senti orgulhosa disso.
Pensei melhor sobre a escolha da faculdade e eram: jornalismo na USP, economia na UFABC ou na UNIFESP ou ciências sociais na UNIFESP.
A primeira opção, não passei por dois pontos; a terceira opção, passaria na primeira lista, mas sabia que não era aquilo que eu queria; a segunda opção na UNIFESP, concorrida demais e em Osasco (Osasco!). O que eu queria mesmo era o bacharelo interdisciplinar em ciências e humanidades na UFABC e me tornar a economista que eu queria ser.
Deu certo (ou está dando certo?).
O namoro dos 14 anos acabou esse ano.
Minha vida acabou de começar. E descubro um novo jeito de ser Bia, todos os dias.
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